“Para nós encomenda é sinónimo de trabalho para os arquitectos”
— 15.03.2016
Pensado para atingir públicos alargados, o Programa escolha-arquitectura tem também uma missão orientada para os arquitectos: propor formas de potenciar trabalho. Como? “Não podemos dar trabalho aos arquitectos, mas através da Encomenda podemos fazer com que o trabalho chegue mais facilmente até eles”, afirma o presidente da OASRS.
Criar ferramentas úteis a arquitectos e potenciais clientes e encontrar uma linguagem mais acessível e visual para passar a mensagem – estas as duas premissas do Programa escolha-arquitectura, recentemente lançado pela Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitectos. O presidente, Rui Alexandre, acredita ter encontrado na Encomenda o tema aglutinador dos objectivos a atingir. “Por um lado sabemos que os arquitectos praticam uma linguagem por vezes muito encriptada e quisemos simplificar esse processo de comunicação” privilegiando a “comunicação mais visual”, de que os seis filmes das Boas Práticas parecem ser o exemplo mais conseguido. Em segundo, “tirar partido da longa experiência de 20 anos que o serviço de concursos da OASRS tem para colocar a Encomenda ao serviço dos arquitectos e dos clientes”, frisa.
E acrescenta: “Os concursos permitem uma coisa muito importante que é darem aos clientes a possibilidade de escolher entre vários caminhos aquele que melhor serve os seus interesses. E, pelo meio, proporciona oportunidades de trabalho aos arquitectos”.
Todas as ferramentas criadas no âmbito do escolha-arquitectura – o Directório de Arquitectos, o Simulador de Custo de Obra e a Plataforma da Encomenda – pretendem ser “serviços adicionais” colocados à disposição de todos os interessados, arquitectos, clientes e promotores, “canais de contacto” entre interesses convergentes mas nem sempre próximos.
100 anos de concursos
Durante as duas décadas de existência o Serviço de Concursos da OASRS registou informação relativa a cerca de um século de concursos ocorridos em Portugal. A concepção da Exposição “Arquitectura em Concurso”, que abre a 29 de Março na Garagem Sul do CCB, resulta desse reservatório de informação “que não estava tratada, não estava classificada e muitas vezes nem sequer estava arquivada” e que foi recolhida para este efeito. “Percebemos agora que este manancial tratado gera um património muito importante”, adianta Rui Alexandre.
Organizá-lo para o expor foi “um desafio”, recorda o presidente da OASRS. “No início achei que esta matéria pudesse ser difícil de ser tratada para uma exposição, por ser técnica, difícil de compreender, polémica. Hoje acho que estas características são as grandes mais-valias da mostra, que vai ser exactamente aquilo que promete: um percurso crítico dos concursos em Portugal, das obras que proporcionaram, dos arquitectos que as pensaram e do peso que têm nas cidades onde foram construídas”. E não só. A exposição inclui uma timeline dos concursos levados a cabo em Portugal desde os anos 30 do século passado. “É uma peça vai permitir fazer uma leitura dos vários períodos através do número de concursos criados. Há alturas em que simplesmente eles não aconteceram”, refere.
Homenagem a Diogo Seixas Lopes
Lúdica, informativa e crítica, a Exposição “Arquitectura em Concurso” tem a ela associada a figura do arq. Diogo Seixas Lopes, recentemente falecido e que integrou o Conselho Consultivo da mostra.
“Convidei o Diogo Seixas Lopes para nos ajudar a pensar esta exposição numa altura em que isso já lhe era difícil e ele disse imediatamente que sim. Esteve presente desde o primeiro momento e foi fundamental para o desenho e a ideia daquilo que se poderá ver no CCB”, adianta Rui Alexandre, concluindo: “Acima de tudo, esta Exposição vai ser uma homenagem ao Diogo Seixas Lopes”.