Delegação da Madeira recebe exposição de Ara Gouveia

— 01.03.2016

O espaço da delegação da Madeira da Ordem dos Arquitectos, sita na Rua dos Netos, 24, no Funchal, recebe, a partir do dia 4 de Março, a Exposição de pintura abstracta de Ara Gouveia. A inauguração da exposição vai decorrer a partir das 18h. A entrada é livre.


"A arte de Ara Gouveia inspira-se no inconsciente onde o jogo das formas e das cores vibrantes estão bem patentes criando uma arte associada á sua necessidade interior de expressar.


Como refere num escrito em 2000 são as “Paisagens por onde passeio o lene olhar... Segredos que sinto com a palma da mão...Dunas de planície... Mares do teu corpo” consciencializando a necessidade de conter as suas emoções mais íntimas salvaguardadas do olhar comum e utilizando para isso uma linguagem abstrata que expressa seus sentimentos mais profundos, sentimentos esses, que nos remetem para momentos íntimos de um tempo saudoso.


Ao longo da sua vida tem vindo a compor as suas obras, ora em suporte de tela ora em papel, modificando as manchas de cor mediante a sua paleta predileta que em momentos coexistiram com as “Dunas de planície” onde a singela alusão da tridimensionalidade é substituída pela deformação real das suas telas que simultaneamente é acompanhada e iludida pela cor.


No processo criativo a memória táctil guarda os seus segredos mais profundos e é através desta que o artista transfere para a tela as suas recordações codificadas, não obstante e, provavelmente, pela acentuada distância desses momentos íntimos que prolongaram-se pela sua vida, tenha agora e, nesta exposição, obras que introduzem um novo ciclo cromático onde surgem as tonalidades do verde numa alusão do retorno ao presente consciencializando a sua condição terrena ou seja da sua realidade presente em procura de um equilíbrio.


Nesta exposição é possível confrontarmos o trabalho do artista como se de uma mistura temporal tratasse onde a memória do passado repleta de cores quentes começa a ceder espaço a outras cores que dão origem às composições finais, onde verificamos uma maior predominância dos tons escuros além da introdução de cores como o lilás que implicitamente remete para a meditação e para um estado de transformação que ajuda a encontrar novos caminhos os quais o artista procura na redefinição da sua vida presente".


Luís Guilherme de Nóbrega, 2016