Projectar#38 dedicado a Nuno Teotónio Pereira no Fundão

— 10.02.2016



Pela terceira vez, Nuno Teotónio Pereira será o tema da próxima sessão PROJECTAR, a realizar nesta quinta-feira, dia 18 de Fevereiro, pelas 19h, na Biblioteca Municipal Eugénio de Andrade, no Fundão. A entrada é livre.

Nuno Teotónio Pereira nasceu em 30 de Janeiro de 1922, em Lisboa, onde se formou em Arquitectura na Escola Superior de Belas-Artes, obtendo o diploma em 1949.


Ainda antes de concluir o curso, em 1948, participou no 1.º Congresso Nacional de Arquitectura com uma comunicação sobre "Habitação Económica e Reajustamento Social", elaborada com o seu colega Manuel Costa Martins, tema que o vai acompanhar ao longo da sua vida profissional, como consultor de Habitações Económicas na Federação das Caixas de Previdência (de 1948 a 1972), responsável pelo primeiro concurso de soluções arquitectónicas para habitação de renda controlada ou relator do primeiro plano sectorial de Habitação – Plano Intercalar de Fomento.


Foi membro fundador do MRAR (Movimento de Renovação da Arte Religiosa) em 1953, do qual foi o primeiro presidente, "uma comunidade católica de artistas" que promoveu vários projectos de arquitectura, pintura e escultura, que procurava "em todos os domínios da arte religiosa, o encontro de uma verdadeira criação artística com as exigências do espírito cristão", no âmbito do qual projectou o Mosteiro de Santa Maria do Mar, em Sassoeiros (1959-1968, com Pedro Vieira de Almeida e Nuno Portas), a Igreja de Santiago , em Almada (1963-1971 com Luís de Almeida Moreira) e a sua obra maior nesta área, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa (1962-1970, com Nuno Portas, Vasco Lobo, Vitor Figueiredo, Pedro Vieira de Almeida)..


Participou no Inquérito à Arquitectura Popular Portuguesa, que decorreu entre 1955 e 1960, como coordenador do levantamento da região da Estremadura, Ribatejo e parte da Beira Litoral, em conjunto com os Arq.os António Pinto de Freitas e Francisco da Silva Dias, o qual lhe proporciona um grande contacto com a arquitectura vernácula, que o virá a influenciar na elaboração de projectos de edifícios de habitação social, nos anos seguintes.


Desde cedo revelou preocupações sociais e humanistas, o que o leva a empenhar-se também politicamente, na década de 1960, na luta contra o regime ditatorial do Estado Novo, e a ser preso por razões políticas três vezes, entre 1967 e 1974, na prisão de Caxias, de onde foi libertado no dia seguinte ao 25 de Abril de 1974.


Entre as suas obras contam-se vários edifícios de escritórios, habitação e equipamentos em Lisboa, como o Bloco da Águas Livres (1953-1956, com Bartolomeu da Costa Cabral), a Urbanização do Restelo (1970-1975 e 1980-1985, com Nuno Portas e Gonçalo Ribeiro Telles - plano - e Pedro Viana Botelho e João Paciência - edifícios), ou o Complexo Intermodal do Cais do Sodré (1993-2004, com Pedro Viana Botelho).


Foi várias vezes galardoado com o Prémio Valmor: torre nos Olivais (1968, com Nuno Portas e A. Pinto de Freitas), edifício "Franjinhas" na Rua Braancamp (1971, com João Braula Reis), Igreja do Sagrado Coração de Jesus (1975). Recebeu o Prémio Nacional de Arquitectura da Fundação Calouste Gulbenkian, de 1961, o Prémio da Associação Internacional dos Críticos de Arte, de 1985, e o prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes, atribuído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC), da Igreja Católica, em 2012. A 13 de Abril de 2005 recebeu o doutoramento Honoris Causa da Universidade Técnica de Lisboa.


Na região desta Delegação da Ordem dos Arquitectos, realizou uma das suas primeiras obras, a Igreja das Águas, em Penamacor (1949-1953), um conjunto de Casas de Renda Económica em Castelo Branco (1964-1966), a Nova Igreja Paroquial de Boidobra, na Covilhã (1975-1986), o 1.º Núcleo do Museu dos Lanifícios (19871991), o conjunto habitacional na Quinta da Alâmpada (1990-1993), a remodelação da Praça do Município (1999-2001), os Planos de Urbanização do Pólis e São João de Malta, (2000-2004) e a rotunda da Ponte do Rato (2001-2004), todos estes também na Covilhã.


Faleceu a 20 de Janeiro de 2016, na sua casa de Lisboa, a poucos dias de completar 94 anos de idade, após um longo período de doença.


Informações sobre os documentários aqui.

Mapa de localização do local onde decorrerá a sessão aqui.


Apoio:


Município do Fundão


PROGRAMA:


18 de Fevereiro, 19h00

Biblioteca Municipal Eugénio de Andrade, Fundão

NUNO TEOTÓNIO PEREIRA

(1993, Edgar Feldman, 23')

NUNO TEOTÓNIO PEREIRA 
um arquiteto da justiça social

(2012, Henrique Matos, 25')


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