CONCURSOS | Vencedores do "Sommer Pavilion" falam sobre o projecto
— 18.04.2019
A equipa vencedora do concurso internacional de arquitectura “Sommer Pavilion”, coordenada pela arquitecta Inês Abreu Ribeiro, fala sobre as opções tomadas para a edificação de uma construção efémera. O concurso juntou um grupo de arquitectos e um engenheiro, para criar dois espaços que definem um ecossistema fechado.
O júri considerou que, a proposta vencedora se destacou pela “estimulante abordagem ao tema do concurso, explorando diferentes estados de água sob a forma de um 'pavilhão da chuva' e um 'pavilhão do nevoeiro' que se relacionam mutuamente”; que “foi salientada a elegância da proposta e a sua contenção formal, usando o mínimo de materialidade para criar o máximo de poesia e experiência”, considerando-se “coerente e adequado o programa de curadoria com enfoque em actividades pedagógicas no domínio dos temas da ecologia.”
O pavilhão vencedor e os restantes 48 trabalhos apresentados no concurso podem ser visitados até outubro no jardim da Parada na Avenida da República, perto da Casa Sommer, em Cascais.
O facto de o Concurso apontar para uma construção efémera teve influência na decisão de participar?
Sim, sendo efémero permite explorar abordagens mais experimentais, em especial numa relação mais próxima (e interactiva) com as pessoas, mais arriscada, que raras vezes exploramos em projectos mais permanentes.
Que tipo de referências usou para chegar à proposta “Gravidade em Suspenso”?
Múltiplas referências, de diferentes naturezas. O "Fog Assembly" do Olafur Eliasson foi o ponto de partida para o pavilhão do nevoeiro, associado às atmosferas do Tarkovsky, ao qual pensámos imediatamente em contrapor com o pavilhão da chuva. A estrutura é assumidamente miesiana, tanto naquilo que mostra como naquilo que esconde.
O pavilhão resulta na verdade da soma de duas estruturas distintas. Como vê a ligação entre elas?
A circunstância do lugar ditou a nossa opção. Escolhamos potenciar a existência de dois espaços em simetria - duas fontes térreas - com dois pavilhões, dois estados da água, liquido e gasoso, pesado e leve, opaco e reflectivo. Ambos representam ainda um ecossistema fechado, em relação contínua com o nosso ambiente.
A equipa por detrás da proposta juntou-se apenas para este projecto?
Sim, é primeira vez que trabalhámos todos juntos, mas já somos amigos há muitos anos.
Como é que as pessoas podem viver o pavilhão quando ele for construído?
A ideia é que os pavilhões potenciem diferentes experiências - sentir o peso da água e a sua leveza num olhar só. Isso é algo conceptual, da construção da experiência, feita de camadas de interpretação e contradição, difícil de explicar por palavras e de prever com exactidão. Há o lado da apropriação das pessoas, que será porventura um dos pontos mais interessantes deste projecto e o qual aguardamos com expectativa.
A equipa:
Alice Clanet-Hallard, Arquitecta ENSA Paris Malaquais
Fernando Coutinho, Engenheiro Civil, FEUP
Flora Di Martino, Arquitecta FAUP
Inês Abreu Ribeiro, Arquitecta darq-FCTUC
Iris Kolivanoff, Arquitecta ENSA Paris Malaquais